Rali Rota do Vidro
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Rali Rota do Vidro

Pois é, ainda faltam três provas para o final do Campeonato e já temos Campeão.

É aquele campeão que era para ser o ano passado, mas depois não foi para ser o outro que já era para ser antes deste aparecer... perceberam?

Às vezes é difícil entender os meandros do desporto automóvel, nomeadamente das grandes equipas...

...mas isto são assuntos que não queremos, nem nos devemos imiscuir...

...não queremos dizer com isto que a vitória de Miguel Campos e da Peugeot Silver Team não fosse inteiramente merecida tal a superioridade que demonstraram ao longo do Campeonato...

...não queremos também ser injustos e podemos afirmar que mesmo com concorrência ao mais alto nível, como por exemplo no Rali Vinho Madeira, Miguel Campos e a Peugeot souberam estar também no patamar mais alto e lutar pela vitória até à última especial...parabéns por isso.

Mas o que é também certo e indesmentível é a falta de concorrência no nosso Campeonato maior de Ralis, em que militam dois WRC, menos de meia dúzia de Mitsubishi de Produção e duas equipas de fábrica que lutam pela Fórmula 3 e que se arriscam a ter, mais tarde ou mais cedo, vitórias à geral.

O resto do pelotão é constituído pelos pilotos que participam nas duas competições mono marcas e meia dúzia de carolas, em que nos incluímos, que servem unicamente para engrossar as listas de inscritos e que estou bem desconfiado de que ninguém conhece a sua existência, tal o desprezo que os órgãos de comunicação e afins lhes devotam.

Não é desmotivador o facto de a Calisto Corse Equipe – Victor Calisto/António Cirne ter vencido a classe 5 e nada ter sido referido a esse respeito?

Até o “speaker” de serviço às entregas de prémios do Nacional, cujo lugar vitalício lhe deve ter sido atribuído nalgum concurso de “idiotas bem falantes” teve de ser informado por nós que, éramos vencedores da classe 5...

...vergonhoso!!!

A lição tinha sido só estudada para os VIP’s destas andanças...

...mas o que este jovem de palavra fácil pode ter a certeza, é que enquanto ele brincava com os carrinhos da “Matchbox”, já nós fazíamos ralis e dignificávamos de alguma forma o desporto automóvel em Portugal...

...são 26 anos meu caro amigo!!!

Bem, mas deixemos as coisas tristes para trás e falemos daquelas que nos continuam a motivar participar e a escrever estas crónicas, que qualquer dia, bem podem ser chamadas de “escárnio e mal dizer”...

...mas é assim, o que está mal e incorrecto têm de ser dito, embora tudo o que aqui escrevo traduza única e exclusivamente a minha opinião e nada mais que isso.

A organização deste rali Rota do Vidro, esteve também, aliás como nos têm habituado, ao mais alto nível, escolhendo um percurso de alta competitividade, com três especiais inteiramente novas e muito bonitas, Sertã, Cernache e Alvaiázere, embora esta última, muito estreita e rápida fosse algo perigosa pelas velocidades que se podiam atingir.

As duas ligações entre a Marinha Grande e Figueiró dos Vinhos, eram perfeitamente dispensáveis, pela quantidade de quilómetros que as equipas tinham de efectuar em percurso não qualificativo o que torna mais avultado o preço a apagar pela participação...

...Campeonato da Europa a quanto obrigas...

...e estrangeiros?

Menos de meia dúzia de “habitués” às nossas provas, os pilotos de “La Ruina Racing”, escuderia de Madrid, que descobriram que é mais barato correr em Portugal do que em Espanha, tal as facilidades que as organizações dão a estas equipas de duvidoso valor competitivo.

Mas, tenho a sensação de me estar a repetir em relação ao que escrevi o ano passado...

...e, não fui só eu, porque mais gente criticou este esquema adoptado pelos incansáveis homens do Clube Automóvel da Marinha Grande...

...e se houvessem umas especiais pelo caminho não ajudaria a tornar a prova mais interessante?

Mas os cães ladram e a caravana passa...sempre foi assim...e irá ser!!!

Quanto ao resto tudo correu sobre rodas, e até a passagem do Parque de Assistência de Pedrogão para Figueiró foi uma mais valia, pelas condições de excelência disponibilizadas para este efeito no Parque Industrial de Figueiró dos Vinhos.

E até o Sol colaborou desta feita, o que já não acontecia a alguns anos, permitindo que os carros evoluíssem com maior segurança e que o público, que acorreu a esta prova, fosse em grande número, emprestando um colorido que vai cada vez mais faltando a algumas provas do Nacional.

Também não conseguimos entender, porque uma prova desta dimensão tem de durar três dias...

...é que a maioria dos tais engrossantes das listas de inscritos são homens de trabalho, que fazem do automobilismo um “hobby” e não uma profissão.

Desportivamente, a vitória de Miguel Campos e da Peugeot, atrás referida, foi indiscutível e Rui Madeira nunca conseguiu estar ao nível do piloto da marca do leão, tendo ficado a 3m e 8s, diferença que consideramos exagerada entre os dois WRC do Campeonato.

A segunda especial do Rali e a primeira de Sábado foi desastrosa em termos de desistências, tendo ficado pelo caminho, em resultado de despiste, 12 concorrentes, dos quais incluímos o líder do Agrupamento de Produção, Horácio Franco, abrindo assim o caminho a Armando Parente, segundo classificado deste grupo, que viu oferecer-se-lhe uma oportunidade de ouro para relançar o Campeonato e torná-lo mais aliciante e competitivo nas derradeiras três jornadas.

Na Fórmula 3 Armindo Araújo, como habitualmente tomou o comando das operações e agarrou o terceiro lugar da geral, inequivocamente até desistir com um arreliante problema eléctrico já no fim do segundo dia de prova.

O segundo carro da Citroen, guiado pelo regressado e veteraníssimo Mário Silva, nunca foi capaz de evidenciar um andamento compatível com o que dele se esperava, que era, pela certa, secundar o seu chefe de fila e retirar pontos à Fiat na luta pelo Campeonato

O 5º lugar final, logo atrás dos carros oficiais da Fiat soube a pouco, tendo em vista os objectivos da Citroen.

Por seu lado a Equipa Fiat Vodafone cumpriu com tudo o que se esperava dela e obteve o 3º lugar final e o primeiro da Fórmula 3 através de Vítor Lopes, excelentemente secundado por José Pedro Fontes separado apenas por 18 s.

Esta operação conseguida pela Fiat tornou sem dúvida, a fase final deste Campeonato mais apetecível e incerta o que só serve para melhorar a competitividade desta prova moribunda.

Na Produção, como já referimos, após a desistência de Horácio Franco, Armando Parente não teve dificuldade em vencer entre os cinco únicos resistentes deste agrupamento no final do Rali, fazendo uma excelente operação em termos de Campeonato e quedando-se nesta fase a apenas 5 pontos da liderança que continua a pertencer ao piloto açoriano Horácio Franco.

No troféu Citroen Saxo, não houve dúvidas em relação ao vencedor, Pedro Dias da Silva que dominou a seu belo prazer toda a concorrência, conquistando o 6º lugar da geral a apenas 18 s do Citroen Saxo Kit Car de Mário Silva e deixando o segundo classificado Armando Oliveira a 2m e 35s.

A legalidade dos dois primeiros classificados deste troféu foi verificada pela Citroen o que obrigou as equipas a algum trabalho extra desmontando as unidades propulsoras para posterior verificação...

...mais tarde saberemos em que “Planeta” estes carros são preparados!!!

No troféu Punto, Mex voltou às vitórias e foi o mais rápido entre os quatro sobreviventes, deixando José Sampaio em 2º a 41 s e Paulo Antunes em 3º a 54s.

Na classe 5 a Calisto Corse Equipe, com os seus habituais pilotos Victor Calisto/António Cirne venceram esta classe, fazendo, na nossa opinião uma excelente prova, talvez a melhor em piso de asfalto com o pequeno Toyota Yaris.

Mas não se pense que foi fácil, pois logo na primeira especial um erro de navegação fez com que a equipe fosse penalizada com dois minutos por avanço, e logo à partida, após os primeiros 1,35 km ao cronómetro, Victor Calisto via-se arredado de qualquer possibilidade de lutar fosse pelo que fosse.

No segundo dia a equipa entrou determinada a vencer o azar da véspera, e numa prova em que a sorte esteve do seu lado, não pode deixar de agradecer aos seus mais directos adversários da classe, que em conjunto com mais algumas equipas não hesitaram em ajudar a retirar o carro de uma saída de estrada na anulada segunda passagem pela especial do Campelo, motivada, pela certa, por algum relaxamento e desconcentração, apesar de poderem correr o risco de penalizarem à chegada a Figueiró dos Vinhos.

Uma menção de desagrado pela anulação desta classificativa, apenas porque, devido à espera motivada pela falta da ambulância na partida, as equipas da frente recusaram-se a partir por terem os pneus frios!!!

Se a interrupção fosse antes de outra equipa qualquer do fim do pelotão, a especial teria sido anulada porque os pneus se encontravam abaixo da temperatura ideal de funcionamento?

E a sorte continuou a acompanhar a Calisto Corse Equipe, quando a quebra da suspensão da frente do lado esquerdo nas últimas duas especiais, embora levando à perca de três lugares na classificação geral não foi suficiente para que esta equipa conhecesse o abandono, o que já acontece à 12 provas consecutivas.

E como novidade a Calisto Corse Equipe trocou os pneus Bridgestone que habitualmente utilizava pelos KUMHO ECSTA V 700...

...e que bem que estes se portaram!!!

Das 60 equipas que iniciaram a prova apenas 29 lograram atingir o controle final, e o 25º lugar da geral e o 1º da classe 5 foi prémio suficiente para a arreliadora teimosia desta equipa que tarda em “calçar as pantufas”

Até ao Solverde....

Victor Calisto