Não há dúvidas que a concorrência ao novo Campeão Nacional cada vez está mais pelas ruas da amargura.
É que, não há mesmo, “pão para malucos”
Desta vez, e após termos assistido à consagração do novo Campeão Nacional no último rali, foi a vez de consagrarmos o Campeão de Marcas – a Peugeot pois claro.
E, se a nível do Campeonato do Mundo não existe carro ou equipa que em condições normais possa bater a supremacia da Peugeot, porque é que a nível Nacional as coisas se passariam de outra forma.
Nem a boa vontade e o esforço de Rui Madeira poderá levar o Ford Focus WRC a outro lugar que não seja o segundo... e!!!
Mas, antes dos “finalmentes” talvez não seja má ideia, a exemplo do que é habitual, encetarmos mais um capítulo da novela “portuguesíssima” e cheia de emoção “bem me queres, mal me queres”
É que vocemeçêsses tem de me desculpar mas eu não consigo deixar de dizer aquilo que me aflige a alma.
E, apesar da simpatia de toda uma organização, não nos parece muito profissional que o “Road Book” e outros elementos necessários ao reconhecimento da prova tenham de ser entregues com a utilização de boas vontades e encontros de café, em vez de serem enviados pelo Correio para casa dos pilotos, a exemplo do que acontece com os folhetos promocionais que nos chegam com algumas semanas de antecedência.
E, depois, malgrado o esforço de inovação da organização, que a meu ver deve ser reconhecido, também não nos parece que deva ser pedido aos pilotos a montagem de chapas fixadoras e passagem de cabos de ligação, para a montagem de GPS e telemóvel com sistema de alta voz, dois dias antes da prova, quando, nem o carro nem a equipa de assistência estão presentes.
E quanto à montagem destes acessórios de localização e de segurança, que apesar de tudo são bem vindos, não estará longe o dia em que transportaremos um comissário desportivo, em Baquet apropriada montada na traseira do carro, para verificar em todos os momentos se a equipa se porta bem e essencialmente não utiliza calão e vernáculos na sua comunicação, absolutamente impróprios e indignos para participantes neste desporto que cada vez é mais “jet” e “in” e que quão diferente é daquele ao qual dediquei uma vida.
Depois, em termos organizativos, continuo a não perceber porque é que o Rali Casino de Espinho de Espinho só tem o nome.
Não haverá uma ou duas especiais que possam fazer o Rali ser mais de Espinho do que de Vale de Cambra...
...também já me segredaram a hipótese da Solverde mudar o Casino para lá...
...e então teríamos, com muito mais verdade, o Rali Casino de Vale de Cambra.
Depois a tenda onde se fizeram as verificações técnicas, mesmo com boa vontade não me pareceu muito adequada e profissional...
...continuo a perguntar a mim próprio porque nuns ralis se verifica tudo, e até se levanta problemas com a cor dos parafusos que apertam os triângulos ao chassis, e por outro lado há provas em que fico com a sensação que se o meu carro não levasse motor eles nem notavam...
...e junto a esta tenda, que mais parecia uma extensão do Circo Cardinalli, que na ocasião visitava a terra, estava montado um centro de atendimento e “desenrasca” de montadores de “GPS falantes” porque maioria da rapaziada nem fios tinha passados, quanto mais placas “XPTO” fixadas ao carro para a montagem do aparelho em causa.
Bem, mas lá se foi andando, com maior ou menor boa vontade de uns e outros.
E, depois fomos assentar arraiais no local reservado no Parque de Assistência, que a exemplo do ano passado estava localizado no Mercado Municipal de Vale de Cambra, e como sempre era de circulação livre, levando a crer que foi mau o investimento da organização na impressão das placas de “serviço”, pois quem queria entrar podia fazê-lo sem qualquer limitação.
E, lá fomos descobrir um lugarzito no meio da confusão para montar a nossa “superfície comercial” nesta autêntica feira de desorganização.
E, eis senão quando, e após todo o arraial estar montado, veio um senhor com ares de importante, que possivelmente só exibe uma vez por ano no Rali Casino de Espinho, e montou a zona do controle de saída de parque de assistência e de entrada para a zona de reabastecimento mesmo no meio da nossa zona de assistência.
E, apesar das nossas reclamações e insistentes pedidos, para que a placa de controlo fosse recuada apenas 20 metros, foi teimosamente irredutível levando a que tivéssemos que circundar todo o parque para poder aceder a nossa área assistencial, o que na prática se revelou sempre uma perda de tempo de intervenção da nossa equipa.
Mas quando o bom senso não impera, o conflito é inevitável...
...20 metros para a frente ou uma proibição de montar assistências naquele espaço, teriam sido o suficiente.
Depois, o secretariado no Hotel Solverde era digno de o mais hilariante filme de Mel Brooks.
Senão vejamos o seguinte “script”:
Após a primeira etapa fui até ao secretariado para me inteirar da classificação e hora de partida para o dia seguinte.
Quando lá cheguei, vários pilotos aguardavam em silêncio a saída, pensei eu, das classificações...
...após 15 minutos, e farto de ver deambular à minha frente um grupo de “mortos-vivos”, achei que era tempo demais para me ser cedido aquilo que tenho direito como participante na prova – uma classificação actualizada – dirigi-me ao que me pareceu ser o chefe geral desta inoperância e perguntei:
- Desculpe, pode dar-me uma classificação geral final da primeira etapa e uma hora de partida para a segunda etapa.
- Isso não é nada comigo, retorquiu e continuou, é com aquele sinhor de camiseta bermelha que está na copiadora.
Bem, mas ele está a tirar fotocópias pelo menos há vinte minutos e ainda não me calhou nenhuma – referi com ar matreiro – será preciso alguma inscrição ou é por sorteio, perguntei?
O sinhor não bê que ele está ocupado, canudo? Si não lhe deu foi porque não pode, não se bê? - Respondeu com ar zangado.
É que eu pensei...como você não está a fazer nada... e podia... talvez... dar aí uma mãozinha – afirmei já agastado.
Eu? eu? Eu estou aqui é pra não fazer corno, se quiser espere, porque eu bou fazer nada para outro lado – e saiu apressado...
... E ao fim de mais 20 minutos, e após terem sido feitas cópias para toda a gente e mais alguma., menos para os intervenientes da festa, lá tivemos direito a uma classificaçãozinha...
...e não digas que vais daqui....
E, quanto ao resto, apesar do atraso que se verificou na entrega de prémios, mas que penso ter sido perfeitamente alheio à organização, a parte social desta prova esteve ao melhor nível, como já nos habituou o Estrela e Vigorosa Sport...
...que seja assim por muitos anos...
...e eu que veja.
Uma nota para os 60 inscritos, a demonstrar a validade desta organização de Rui David, que consegue, em tempos de crise, fazer parecer que está tudo bem... quando acaba bem... e quase sempre tem sido assim.
Os 44 pilotos que terminaram, resistiram a um rali duro, agravado pelas condições atmosféricas extremamente adversas da noite de sexta-feira, que com chuva, frio e nevoeiro, fizeram relembrar as noites alucinantes do antigo rali TAP.
Por outro lado, na manhã de Sábado, um regressado Sol, fez recuar as piores suspeitas indiciadas pela noite anterior e emprestou a este rali um cenário primaveril que brindou os milhares de espectadores que se deslocaram a esta zona.
Na parte desportiva, esta prova teve muito pouco interesse tal a superioridade que Miguel Campos e a Peugeot têm demonstrado ao longo do Campeonato.
Armindo Araújo e o Citroen Kit Car da Citroen Portuguesa, não deixaram os seus créditos por mãos alheias, vencendo a Fórmula 3, e ficando em segundo da geral, herdando o lugar deixado vago pela desistência de Rui Madeira, quando uma arreliadora pedra partiu o cárter do seu Ford Focus, e dando mais um passo de gigante para a conquista do título.
Vítor Lopes foi o único representante da Fiat Portuguesa a terminar, ficando em terceiro da geral e secundando Araújo na Fórmula 3 mas já a uma diferença de 1m e 5s.
No grupo de Produção Horácio Franco, desta vez sem estilos voadores, liderou sempre a sua categoria terminando 1m e 26s à frente de Carlos Fulgêncio em carro igual, mas da evolução anterior, um “outsider” do Campeonato de Produção, que fez uma prova a todos os títulos notável.
Uma palavra de muito desagrado para Armando Parente, que não consegue, apesar de ter carro e meios para tal, encarar as suas participações de uma forma mais séria e profissional.
Um candidato ao título de Produção não pode perder ralis porque a rampa de faróis não funciona ou porque os faróis do carro estão desfocados...
No troféu Citroen Saxo, Pedro Dias da Silva, não conseguiu demonstrar a superioridade das provas anteriores e deixou-se bater largamente por Armando Oliveira que fez uma prova muito rápida e regular, ganhando o Troféu e conseguindo o 7º lugar da geral.
No troféu Fiat Punto foi a vez de José Sampaio que venceu, foi 8º da geral e deixou Francisco Brites a 35 s.
No Troféu Yaris, os “meninos voadores” foram liderados por Pedro Peres, que venceu e obteve um excelente 23º lugar da geral.
Na classe 5, Victor Calisto, que estreava nesta prova uma evolução de motor no seu Toyota Yaris, não conseguia tirar partido duma motorização muito “bicuda” que ao funcionar bem somente entre as 5000 e as 7500 rpm, tornou a tarefa deste piloto muito difícil.
Apesar disso, o piloto da Calisto Corse Equipe conseguiu imprimir um andamento forte que o levou ao 4º lugar da classe entre 15 participantes e o 33º da geral...
...não fora os “intrometidos” do Troféu Yaris, que só aparecem nas últimas três provas, e só seríamos batidos pelo andamento rápido e regular do Suzuki Ignis de Rui Almeida.
Esperamos, poder contar com melhores afinações de motor e uma relação de caixa mais curta, já para o Rali do Algarve para assim podermos lutar sempre para o primeiro lugar da classe.
Victor Calisto