Rali Vinho da Madeira
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Rali Vinho da Madeira

08 08 2001 aPara os menos avisados nestas andanças de Ralis, o coeficiente 20 do Rali Vinho Madeira não se revela importante e não passa de um pormenor...

Pois desenganem-se porque o coeficiente 20 atribuído ao Rali Vinho Madeira inclui esta prova no difícil “menu” das provas mais importantes do Calendário Internacional de Ralis, logo a seguir às provas do Campeonato Mundial.

Assim o Rali Vinho Madeira é uma prova das dez privilegiadas com coeficiente 20 a nível Europeu e a segunda prova mais importante a nível Nacional.

Daí a grande procura, pelos pilotos interessados no Campeonato da Europa, (rampa de lançamento para uma equipa profissional no Campeonato do Mundo) em participarem e mostrar os seus dotes nesta dura prova insular.

Deste modo podemos explicar o grande empenho, desta excelente organização do Clube Sports Madeira, do Governo Regional e ainda de todos os patrocinadores deste evento, que conseguiram mais uma vez levar para a estrada uma prova de superior organização e com algumas novidades a nível do seu funcionamento na estrada.

Os controles de partida para as especiais de classificação apresentaram-se munidos de protecção contra as intempéries e com um sistema de célula fotoeléctrica de partida, permitindo detectar e registar com grande eficácia as falsas partidas e o registo do tempo efectuado nas especiais.

Mas não há “Bela” sem “Senão”, e a limitação à participação dos concorrentes a um número limite de 100, (por questões de segurança???) é um dos revezes de ter uma prova tão bem cotada internacionalmente.

Assim, depois dos prioritários internacionais FISA A e B e dos prioritários nacionais, regulamentarmente a organização aceitará e incluirá na sua lista de inscritos, os pilotos que entender, tomando em consideração a viatura que conduzem e o seu palmarés...

Não será uma regra a rever, que um piloto licenciado pela Federação e que pagou (a bom preço) a sua licença, poderá ser impedido de praticar o seu desporto por limites de inscrição, embora regulamentados???

E, mais grave, numa prova como esta a nível insular, muito antes de se saber se a inscrição foi ou não aceite, (isto no caso da maioria das equipas que são totalmente amadoras e que são as mais afectadas com esta selecção), há contratos com patrocinadores estabelecidos, hotéis marcados, voos reservados, férias marcadas, transportes das viaturas agendados... e depois, uma semana antes recebe-se um Fax, lamentando que a sua inscrição, ao abrigo do art. do regulamento, não ter sido aceite, devolvemos o seu cheque (pago 15 dias antes).

Não me parece muito bem que isto aconteça e parece-me até antidemocrático que haja impedimentos administrativos para não permitir que alguém pratique o desporto de que gosta.

Porquê não se estabelecer à partida que as provas do Campeonato do Mundo e do Campeonato da Europa de Ralis coeficiente 20, estão limitadas às participações das equipas profissionais e semiprofissionais, ou de aquelas que apesar de Amadoras possam estar interessadas na disputa dos respectivos títulos?

Bem, depois deste desabafo, desportivamente esta prova não podia ter corrido melhor, pois houve luta desde o primeiro ao último minuto pelas posições cimeiras da tabela classificativa... falo das posições cimeiras mas não do primeiro lugar, porque esse esteve quase sempre entregue a Adruzilo Lopes e ao Peugeot 206 WRC da equipa portuguesa, desde o abandono por espectacular despiste no decorrer da quarta classificativa do alemão Armin Kremer.

O piloto Português demonstrou nesta prova que pode sem receio ombrear com os melhores pilotos mundiais da especialidade, tal a classe e a superioridade que evidenciou durante toda a prova, aumentando e dilatando sempre a sua diferença para os mais directos adversários estrangeiros, Piero Liatti e Andrea Aghini, ambos em Subaru Impreza WRC, e aos nacionais Pedro Chaves e Rui Madeira que estiveram palidamente uma amostra de si mesmos perante tal superioridade de Adruzilo...

Mas a surpresa vinha de uma estreia... Miguel Campos tetracampeão Nacional do Agrupamento de Produção, que fora convidado pela Peugeot ESSO Silver Team SG a conduzir um segundo Peugeot WRC na tentativa de ajudar Adruzilo a conquistar um Campeonato que já foi seu, superou todas as expectativas, (ou não), e conquistou brilhantemente o segundo lugar da classificação geral, deixando para trás os pilotos de craveira internacional como Liatti e Aghini, e os interessados no título nacional, Chaves e Madeira, à custa de uma segunda etapa absolutamente fabulosa, dando assim à equipa de Alfragide a sua primeira “dobradinha” Nacional.

Com as verificações técnicas e documentais a decorrerem no Madeira Tecnopólo no dia de Quinta-feira, as hostilidades foram abertas com a classificativa espectáculo da Avenida do Mar e directamente televisionada pela RTP Madeira.

No dia de Sexta-Feira tudo começou muito cedinho pois havia que disputar quinze especiais de classificação, e o primeiro líder do rali foi o alemão Armin Kremer com o seu Toyota Corolla WRC que mantinha o primeiro lugar já conquistado na véspera na classificativa espectáculo da Avenida do Mar, até que um espectacular e violento despiste na quarta especial Terreiro da Luta 1, destruiu completamente cerca de 80 000 contos de WRC impedindo o piloto de prosseguir em prova, sem no entanto haver danos físicos a assinalar.

Na Produção Pedro Leal que nos vem habituando a andamentos muito rápidos, mas por pouco tempo, não conseguiu manter a liderança frente a um Bruno Magalhães imparável, acabando mesmo por abandonar a meio da primeira etapa.

Na fórmula 3 Vítor Lopes, que estreava na Madeira uma caixa de velocidades sequencial no seu Citroen Saxo Kit Car, liderava desde o primeiro minuto e a melhor equipa Madeirense era Vítor Sá e o seu Subaru Impreza WRC.

Na classe 5, classe onde milita o Toyota Yaris da Calisto Corse Equipe, participavam 17 concorrentes, de onde sobressaía uma armada de Toyota Starlet, e uma outra armada de Fiat Cinquecento, um Ford KA Rali Kit Car e um outro Toyota Yaris do concessionário do Funchal, com um nível de preparação muito superior ao da Calisto Corse Equipe, de onde sobressaía um motor com quase mais 30 cavalos, uma caixa de velocidades do tipo “close ratio” e uma direcção assistida que torna o curvar em asfalto mais preciso e eficaz.

08 08 2001 bA primeira etapa terminou quando o sol de sexta-feira caminhava já pelos lados de sábado e Adruzilo Lopes não falava com ninguém e tinha já 58,2 segundos de avanço sobre o 2º classificado Piero Liatti e o Subaru Impreza que venceu o ano passado esta prova.

O 3º classificado era Andrea Aghini, em carro idêntico e apenas separado do 2º lugar por 1,5 segundos.

O 4º era Rui Madeira já a 1m e 15 s de Adruzilo e o 5º era o surpreendente Miguel Campos a 1m e 22s do 1º.

Pedro Matos Chaves ocupava a 9ª posição, Vítor Sá era o melhor Madeirense e estava em 11º, Vítor Lopes estava em 15º e era o 1º da Fórmula 3.

O grupo de Produção era liderado por Bruno Magalhães que estava em 18º da geral.

Na classe 5 a Calisto Corse Equipe colocava o seu Yaris em 61º da geral, 8º da classe em 14 concorrentes ainda em prova, nesta classe.

Acabaram esta primeira etapa 69 equipas das 100 que iniciaram o rali.

Num dia de Sábado com muito calor e muita humidade Adruzilo foi passeando a sua classe ao longo das 10 classificativas restantes, de onde sobressaía uma dupla passagem por Ribeiro Frio com 27 quilómetros, que iria por à prova mais uma vez a resistência das mecânicas e a eficácia dos travões, dos que ainda ousavam resistir à dureza deste traçado.

E, foram 55 as equipas que lograram atingir o Funchal numa prova com 45% de abandonos, e que tradicionalmente, a seguir ao Rali TAP de Portugal, pode ser considerada a mais dura.

No final, Adruzilo Lopes e o seu Peugeot subia ao lugar mais alto do pódio e a seu lado surpreendentemente tinha o ombro do seu companheiro de equipa Miguel Campos, que conseguia na sua estreia num WRC deixar para trás pilotos com muito mais experiência.

Assim Miguel Campos foi 2º a 1m e 23 s de Adruzilo e Piero Liatti obteve o 3º lugar já na última classificativa, batendo o seu colega de equipa Andrea Aghini também em Subaru Impreza WRC apenas por um décimo de segundo.

Em sexto ficava Rui Madeira já a 2m e 1s e em 7º Pedro Chaves a 2m e 50 s de Adruzilo.

Vítor Sá era o melhor Madeirense e obtinha o 9º lugar da geral e o Grupo de Produção era ganho também por um piloto local, Rui Fernandes em Mitsubishi Lancer EVO VI, que herdara essa posição após a desistência de Bruno Magalhães logo no final da 1ª especial da 2ª etapa, e beneficiando ainda do atraso de Pedro Dias da Silva na fase final do rali.

Com este resultado Rui Fernandes assegurou o bi-campeonato regional de Produção.

Vítor Lopes e o Citoen Saxo Kit Car venceram a Fórmula 3 e deixou o seu mais directo adversário José Pedro Fontes e o seu Fiat Punto Kit Car a mais de 5m.

Na classe 5, que foi ganha por Américo Freitas e o seu Toyota Starlet, terminaram 12 concorrentes, colocando a Calisto Corse Equipe o seu Toyota Yaris no 7º posto desta classe e no 50º lugar da geral, numa prova de extrema dureza, mas que foi superada sem problemas pela estreia em asfalto da nossa viatura.

A próxima prova, também a contar para o Campeonato da Europa, mas coeficiente 10, é o Rali Rota do Sol – Rali Vidreiro no próximo mês de Setembro.

Até lá.

Victor Calisto