Não tenho qualquer dúvida, que o Rali que já foi Vidreiro, Rota do Sol e agora novamente na Rota do Vidro, já foi dos mais bonitos e interessantes do Campeonato Nacional de Ralis.
Não só no aspecto turístico, como também no aspecto desportivo, pois não era raro o ano em que o Rali se decidia na manhã de Domingo nas bonitas e tradicionais classificativas de S. Pedro de Moel, que já foram cabeça de cartaz em outras épocas, em que Portugal ousava ter um Rali cotado como o “melhor do mundo”.
Bem, mas isso são outras histórias, que não passam de recordações longínquas de um desporto que aprendi a amar, e que ao longo de quase vinte e cinco anos tem vindo a ser sido desvirtuado pelas organizações, pelos órgãos de comunicação social, pelas entidades federativas nacionais e internacionais e também pelos pilotos, que procuram cada vez mais protagonismo numa actividade desportiva mais profissionalizada e direccionada prioritariamente a classes elitistas.
Sem pôr em causa a organização da equipa do Clube Automóvel da Marinha Grande, que esteve ao nível que já nos habituou, não se entende que um Rali do Campeonato Nacional de Ralis, que embora inscrito no Campeonato da Europa só trouxe até nós um ou dois elementos da equipa inglesa da Prestocar e meia dúzia de espanhóis de mau nível, e pensando na redução de custos, que têm sido sobejamente falada, não se entende, que possa apresentar um traçado com quase 800 km, e em que o centro desportivo do Rali está a cerca de 100 km do centro administrativo, tendo aí as partidas e chegadas de cada etapa.
Não é muito agradável que cerca de 200 km do percurso deste rali tenham sido feitos para levar e trazer os concorrentes até às classificativas, que por sinal, e na minha opinião, são de excelente recorte e muito bonitas.
Por outro lado, começar as verificações na manhã de Sexta-Feira e acabar o Rali às 19.30 de Domingo, parece-me exagerado, para quem como eu, não é profissional, e tem uma semana de trabalho à frente.
Depois do habitual desabafo, já nem vale a pena falar da chuva, por vezes torrencial, que se abateu por todo o rali...mas isso deve ser contratual entre o “S. Pedro” e o CAMG, pois esta prova “serve-se sempre o mais molhada possível”.
Um último reparo para a excelente organização do parque de assistência de Pedrógão Grande, com o senão do reagrupamento e assistência antes do parque fechado de final de secção, que pela instabilidade meteorológica não permitia definir qual a mais acertada escolha de pneus, visto os carros estarem em parque fechado duas horas após a mudança de pneus – a rever...
A rever também não existirem meios de socorro, médicos, paramédicos e ambulâncias, ou mesmo um Centro de Saúde de prevenção em Pedrógão... o mais perto era em Figueiró dos Vinhos... a sorte protege os audazes!!!!
Desportivamente, o Rali Rota do Vidro, contou com 67 inscritos, dos quais só 62 compareceram à partida.
E, logo na primeira classificativa Miguel Campos, deixou o seu mais directo concorrente a mais de 13 s, mostrando mais uma vez porque está ao volante de um carro oficial da Peugeot Portugal.
O segundo foi Rui Madeira e o “primeiro piloto” da equipa Peugeot, Adruzilo Lopes, quedou-se pela terceira posição a mais de 16 s em 10, 2 km (é obra).
O campeão Nacional em título, Pedro Matos Chaves, era apenas 8º começando da pior maneira esta 7ª prova do Nacional de Ralis.
Vítor Lopes começou por liderar a Fórmula 2 e o mais rápido do agrupamento de produção era o Pedro Dias da Silva e o seu Mitsubishi.
Na classe 5 dos seis concorrentes inscritos os dois Toyota Yaris tomaram a dianteira e o Pedro Leite, concorrente ao Troféu Yaris deixou Victor Calisto a 18 s, numa classificativa onde a chuva e a passagem dos primeiros concorrentes tornaram o piso um misto de alcatrão enlameado, sendo a principal preocupação dos pilotos, manter os seus carros dentro da estrada.
Na segunda classificativa, com 12,66 km, Miguel Campos voltou a ganhar, desta vez secundado pelo seu colega de equipa Adruzilo Lopes, relegando Rui Madeira para o 3º lugar da geral.
Vítor Lopes continuava a liderar a Fórmula 2 e Pedro Leal ascendia ao comando do agrupamento de Produção.
Pedro Matos Chaves era 7º e na classe 5 Pedro Leite aumentava a diferença para o segundo classificado Victor Calisto que também via crescer o seu avanço para os restantes concorrentes, consolidando a segunda posição.
Na 4ª classificativa, os pneus Pirelli de Rui Madeira voltaram a não colaborar e o piloto viu o seu carro ficar fora de estrada, com o chão assente e sem tracção, demorando uma eternidade a voltar a colocar o carro em prova, isto sem prescindir da ajuda de alguns espectadores, que entretanto apareceram no local.
Com isto Rui Madeira faz o 49º tempo e fica relegado para o 14º lugar da geral a mais de 4m de Miguel Campos... o seu rali estava acabado...
No final da 1ª secção da 1ª etapa Miguel Campos liderava, Adruzilo era segundo a 15 s e Pedro M. Chaves já tinha ascendido ao 3º posto, mas a mais de 1m e 30 s do primeiro.
Pedro Leal era 4º e liderava a Produção, J. P. Fontes tinha ascendido ao primeiro lugar da Fórmula 2, por troca com Vítor Lopes, que entretanto se atrasara.
Na classe 5, tudo na mesma – Pedro Leite liderava, Victor Calisto, mantinha e consolidava a segunda posição.
As 4 classificativas restantes da primeira etapa, decorreram sem grandes alterações, sendo apenas de registar a recuperação de Rui Madeira que no final do dia ocupava já o 4º lugar da geral.
À chegada à Marinha Grande Miguel Campos continuava a liderar e tinha ganho 5 das 9 classificativas do dia.
Adruzilo Lopes era segundo a 13,5 s, Matos Chaves 3º a 1m e 44 s e Rui Madeira 4º a 4m e 41 s.
Na Fórmula 2, J. P. Fontes continuava a liderar.
O líder incontestado da Produção até ao final da 8ª classificativa, Pedro Leal, já com 38 s de vantagem sobre o 2º classificado Pedro Dias da Silva, não entrava na 9ª classificativa abandonando na ligação entre esta Pec e a anterior.
Na classe 5, nada de novo, continuando Pedro Leite a aumentar a vantagem para Victor Calisto e este a distanciar-se também dos restantes concorrentes.
Terminaram esta etapa 44 concorrentes.
No Domingo, pelas 7 horas, a caravana voltou à estrada, para cumprir as restantes 8 classificativas deste Rali.
Miguel Campos e Adruzilo repartiram entre si as vitórias nas especiais deste dia e a Peugeot Portugal voltou a brilhar bem alto com a segunda “dobradinha” consecutiva em provas do Nacional e Europeu de Ralis.
Ficamos com a sensação que Miguel Campos poderia ter ganho este Rali, que bem mereceu, mas a sua função na equipa, e para a qual foi contratado, foi a de ajudar Adruzilo e a Peugeot a conquistarem os títulos de pilotos e marcas.
Talvez, quando tudo estiver decidido...talvez ainda este ano...
Na Produção Pedro Dias da Silva acabaria por beneficiar do abandono de Pedro Leal e não mais largar o primeiro lugar até ao final.
Na Fórmula 2, Vítor Lopes não conseguiu recuperar o atraso da 1ª etapa e J. P. Fontes ganhou com todo o mérito.
Na classe 5, Pedro Leite e Victor Calisto colocaram os dois Toyota Yaris 1.3 nos dois primeiros lugares da classificação, dando, também desta forma, uma “dobradinha” à Toyota a nível da classe 5.
Victor Calisto teve uma prova isenta de problemas e acabou em 35º da geral e em segundo da classe em 43 concorrentes que terminaram esta prova.
A próxima prova é já daqui a 15 dias – O Rali Casino de Espinho – até lá
Victor Calisto