Ó S. Pedro será que não podíamos ter um intervalinho nesse teu mau feitio, e dar-nos um dia de sol e de bom tempo para disputarmos uma prova do Nacional de Ralis.
Chego a pensar que os desportos motorizados não são mesmo do teu agrado e o que preferias, mesmo, era assim um Festival de Folclore, uma Feira com barraquinhas de farturas ou até se calhar um jogo de Futebol mesmo que fosse da terceira divisão regional...
Pois, mas também não estamos de acordo quanto a isso, porque o que a malta quer mesmo é praticar o desporto que gosta – O automobilismo.
E, não adianta fazer essas birras, porque com mais ou menos chuva e com mais ou menos vento, as organizações, os pilotos, as assistências e os adeptos, lá vão ultrapassando as dificuldades que lhes vais criando e vão levando “o barco a bom porto”...
Não seria preferível arranjares aí, nem que fosse um Grupo N da classe 1, desafiares o S. João ou outro Santo qualquer e vires fazer companhia à rapaziada?
Nem sabes o bem que te fazia....
Bem, e depois deste “tete a tete” em jeito de “conversa em família” com o produtor das nossa aflições, podemos, mais uma vez enaltecer o grande espírito de profissionalismo desta equipa do Estrela e Vigorosa, que mais uma vez, com maior ou menor dificuldade, soube contornar as dificuldades, e foram muitas, apresentadas pelo desenvolvimento e desenrolar da 8ª prova do Campeonato Nacional de Ralis, o Rali Casino de Espinho, que também contou para o Campeonato Nacional de Clássicos.
Estas dificuldades começaram logo na véspera com o desabar de toda a estrutura criada para levar a cabo as verificações técnicas e documentais.
Depois, e penso que neste pormenor a organização poderia ter sido mais cuidadosa, o Parque de Assistência em Vale de Cambra, era praticamente de entrada livre e sem nenhuma restrição, o que tornou o espaço que as equipas tinham para trabalhar, além de pequeno, uma enorme confusão.
Mas, neste aspecto, não podemos culpar só a organização, porque se todos os intervenientes no evento, nomeadamente as equipas de assistência, os acompanhantes e os próprios pilotos, e eu por mim falo, tivessem mais respeito uns pelos outros, não estacionariam dentro do parque os veículos da mãe, do pai e do resto da família....
Desportivamente esta prova contou com a estreia em provas de estrada do Troféu Yaris Cup 2001 que por si só inscreveu 15 viaturas.
Com mais 11 viaturas do Troféu Fiat Punto HGT e mais 15 viaturas do Troféu Saxo Cup, só em termos de troféus esta prova do Estrela e Vigorosa tinha 46 inscritos num total de 74.
Fazendo as contas, se não fossem os troféus, esta prova do Nacional de Ralis teria 28 inscritos!!!
Não será motivo para pensarmos um pouco e realmente percebermos o que está mal no Automobilismo Nacional?
Em termos de clássicos, uma lista ainda mais pobre com 18 inscritos de onde se salientava a armada habitual de Ford Escort.
No terreno, o Rali começou na sexta-feira à noite, (há quanto tempo não havia a oportunidade de saber se os faróis suplementares ainda acendiam), com três classificativas que habitualmente se disputavam em sentido contrário em anos anteriores.
Logo na 1ª Especial, Macieira de Cambra, o Rali acabou para dois candidatos.
Um do agrupamento de Produção, Horácio Franco, cuja viatura já não saía da classificativa, e outro do agrupamento de Turismo e candidato à vitória no Rali Adruzilo Lopes, que, ao bater fortemente com o seu Peugeot, fez o 64º tempo da geral a 3m 1s do seu companheiro de equipe Miguel Campos, que entrou com o pé direito e venceu esta classificativa.
Na 2ª Especial Campos voltou a ganhar, Pedro Chaves foi 2º e Adruzilo voltou a não estar bem e a perder mais 45s para o 1º classificado.
Na 3º e última classificativa do dia, Campos voltou a ganhar, Pedro Chaves voltou a ser 2º, desalojando Rui Madeira do 2º lugar da classificação geral.
Na produção, Pedro Dias da Silva comandava e Vítor Lopes colocava o seu Citroen na 4ª posição da geral liderando a Fórmula 3.
Nesta última classificativa aconteceu o insólito, quando um carro de um espectador resolveu, entrar no troço e mostrar os dotes de condução das “gentes” de Vale de Cambra ao panorama automobilístico nacional.
A classificativa acabou por ser anulada a partir do 32º concorrente, tendo todos os outros sido cronometrados pelo tempo obtido por este.
No final da 1ª Etapa Armindo Araújo liderava o Troféu Citroen, Paulo Antunes o Troféu Fiat Punto e José Mário Ruivo o Troféu Yaris.
Na Classe 5 onde iniciaram a prova 21 concorrentes, a Calisto Corse Equipe colocava o seu carro em 13º.
No dia seguinte disputar-se-iam mais nove classificativas donde se salientava os 26 km da Freita, também e ao exemplo de todas as outras efectuada, em sentido contrário ao que fora habitual em anos anteriores.
De manhã, e sempre com chuva a acompanhar, assistiu-se à montagem de pneus Michelin no carro de Rui Madeira (cuja equipa tem um contrato com a Pirelli) e este deu o mote ganhando a 1ª classificativa do dia.
A equipa da Peugeot, via o seu 1º piloto partir para a estrada em 50º lugar, curiosamente à frente do Toyota Yaris de Victor Calisto, depois de a sua pretensão de sair mais acima na ordem de partida, (por questões de segurança), ter sido recusada pelos Comissários Desportivos.
Na 5ª classificativa Freita só sairiam para a disputar os 33 primeiros concorrentes, pois um acidente que levou até ao hospital um elemento das Forças de Segurança determinou a anulação da classificativa e a que os restantes concorrentes efectuassem o percurso alternativo até ao início da próxima especial.
Devido a mais este contratempo, Adruzilo Lopes resolveu abandonar a prova, por considerar não haver condições de poder recuperar o atraso que detinha.
Na 6º classificativa Rui Madeira ganhou e voltou a encurtar a diferença que o separava de Miguel Campos, que se cifrava nesta altura em cerca de 6s. Pedro Chaves continuava a ser o 3º com o seu Toyota, Vítor Lopes o melhor na Formula 3 e Pedro Leal comandava o Agrupamento de Produção deixando já Bruno Magalhães o 2º classificado a mais de 20s.
Armindo Araújo continuava a comandar o Troféu Saxo, Jorge Pinto ascendia ao comando do Troféu Fiat Punto e Pedro Rocha, fruto de uma prova muito regular, comandava o Troféu Yaris.
Victor Calisto era 12º na Classe 5 e 47º da Geral em 56 concorrentes ainda em prova.
Em S.Pedro de Castelões, 7ª classificativa, Miguel Campos “acordou” e deixou Rui Madeira a 8s, diferença que continuou a aumentar na 8º e na 9ª classificativa cifrando-se a vantagem no final desta em 26s.
O comando da produção era agora de Pedro Dias da Silva que recuperara quase 1m de diferença para Pedro Leal, em virtude deste ter quebrado uma transmissão.
Na 2ª passagem por S.Pedro Castelões, Rui Madeira, numa tentativa de recuperar tempo para Miguel Campos, viu o seu Ford embater com violência numa zona muito rápida, imobilizando-se após capotar várias vezes e incendiando-se de seguida.
Embora não havendo danos físicos a registar com a equipa do Ford Focus, esta prova foi interrompida para controlo do incêndio e para que fossem de novo criadas condições de segurança para que a prova pudesse prosseguir.
De registar o facto dos concorrentes que saíam atrás de Rui Madeira nesta classificativa, terem, com prejuízo da sua prova, parado para se inteirarem das condições físicas da equipa acidentada.
Após esta classificativa Bruno Magalhães ascendia ao comando da Produção, facto que não mantinha por muito tempo, capotando na classificativa seguinte e deixando Pedro Dias da Silva com o caminho aberto para vencer.
Nas duas últimas especiais Miguel Campos confirmou o seu bom momento de forma e venceu com todo o mérito uma prova à geral do Nacional de Ralis, coisa que já vinha prometendo.
Na Produção Pedro Dias da Silva acabou, com alguma sorte, por vencer, deixando Pedro Leal em 2º a 49s.
Vítor Lopes era 3º da geral e ganhava a Formula 3.
Armindo Araújo ganhava o Troféu Citroen com 0,5s de vantagem sobre José Araújo.
Estes pilotos viriam a protestar-se mutuamente, acabando por serem desclassificados mais tarde.
O Troféu Fiat Punto foi mais uma vez ganho por Jorge Pinto e Pedro Rocha venceu o Troféu Toyota Yaris.
A Calisto Corse Equipe viu o seu piloto Victor Calisto classificar-se em 10º da Classe 5 e 38º da Geral em 47 concorrentes que concluíram a prova, depois de um rali não isento de problemas, em que a escolha dos pneus adequados para os pisos escorregadios da zona de Vale de Cambra constituiu sempre o mais grave problema que a equipa enfrentou.
De qualquer forma os objectivos de terminar mais uma prova do Nacional foram perfeitamente conseguidos.
Dentro de 3 semanas, no Rali do Algarve, tentaremos, a exemplo do que se tem sempre passado, fazer mais e melhor.
Victor Calisto