A organização do Racal Clube de Silves não deixava os seus créditos por mãos alheias e primava em organizar uma prova reconhecida internacionalmente, não só pelo seu excelente e bonito traçado, mas também pelo seu programa social, que fazia deste evento um dos mais esperados de toda a temporada.
Quem não se lembra desta prova estar integrada, e ser uma das mais importantes do Campeonato da Europa, e de ser escolhida também pelas equipas de construtores para a apresentação das suas máquinas, como aconteceu com a estreia mundial em competição do Audi Quattro.
Quem não se lembra de provas especiais de classificação de extrema dureza como Marmelete e Monchique e de outras de infindável beleza como Aljezur e Bordeira...
Quem não se lembra…
Bem tanta coisa que havia para lembrar…mas também não devemos esquecer que por sermos quase da “mobília”, temos mais coisas para lembrar que os outros… os mais novos…
...mas também não custa revelar, que efectivamente, digam o que disserem, esses, os mais novos, perderam, por serem mais novos, e por isso não podem ser julgados, o melhor e o mais bonito do desporto motorizado e dos Ralis em Portugal.
Mas agora, e chamem-me saudosista, é tudo muito mais “feito de plástico”, ao nobre estilo das comidas do “Tio Mc’ Donald” e da música “hip hop” e que a maioria dos valores se perderam ou estão esquecidos, e um “punhado de segundos” vale mais que um caloroso abraço de homem para homem.
É rodeado deste ambiente de competição feroz, mas cada vez menos saudável e honesta, que se vão disputando as provas dum Campeonato Nacional de Ralis, moribundo e com morte anunciada, revivendo cada prova com listas de inscritos surrealistas e apenas engrossadas pelos troféus mono marca, quais balões de oxigénio, emprestando uma falsa dignidade às listas de participantes.
Foi assim que no dia 26 e Outubro o Clube Automóvel do Algarve pôs na rua a penúltima prova do Campeonato Nacional de Ralis, com um conjunto de pessoas, que continuam a fazer depender o desporto automóvel e as organizações de uma série de “carolas” cuja boa vontade e resistência ao descanso é o grande segredo para ter algum sucesso nas tarefas que se propõem realizar.
Pena é, que tenha de ser assim… porque as pessoas não são máquinas e “pastor que toca muitas ovelhas...”
Com uma prova especial de classificação de 2 km, chamada de Super Especial, que nada teve de “super”, na noite de sexta-feira, pela 21h, realizada nas ruas de Faro, teve início o Rali Casinos do Algarve.
Não foi muito fácil para mim entender, porque é que me obrigaram a fazer 2 km numa especial artificial, traçada nos arruamentos da cidade velha em Faro, perigosa pelos passeios que a ladeavam, colocando em risco todo um rali, pois um toque mais forte a necessitar de reparação só poderia ser resolvido no Parque de Assistência em Tavira a cerca de 50 km de distância.
Continuo também a não entender, porquê em consequência desta especial tive de me deitar perto das 2h 30m, sem comer e destinado a ter de me levantar pelas 7h.
Desportivamente foi muito importante?
Em termos de divulgação do desporto automóvel?
O Benfica até jogava em Faro nessa noite, pelo que quem esteve a ver a super especial foram os pilotos, os acompanhantes, as assistências, os comissários desportivos e meia dúzia de “gatos-pingados” que ou passavam por ali ou não gostavam de futebol…
E, o parque de partida?
“JAAZUUS”, “CREEDOOO”, nem dá para acreditar.
Havia de tudo no parque de partida, desde Camiões TIR estacionados, Ferraris, Ambulâncias, Veículos de Assistência, Carros de Jornalistas, Velhas de chinelo no pé, Pescadores de maré baixa, Viajantes da noite, Polícias, Comissários, Morcegos, Andorinhas etc.etc…
…menos espaço para os participantes no Rali, que se foram amontoando uns em cima dos outros, não deslastrando a confecção de um vulgar “empadão”…
...POR FAVOR…
No dia seguinte, os 62 participantes tinham para enfrentar “um número muito diversificado de especiais de classificação” – Três
Três classificativas percorridas por três vezes na Zona de Tavira e Loulé, faziam a história de um Rali do Nacional em 116,150Km.
Uma classificativa com 19,100 km – Serra de Tavira, feita na Estrada Nacional, outra com 7,630 km – Terra de Loulé, também realizada na Estrada Nacional e uma outra com 11,320 km – Tavira, uma autêntica classificativa de “terra” de onde não deve ter escapado um único piloto sem a surpresa dos furos…INACREDITÁVEL…
Na Super Especial, Adruzilo foi o mais rápido, embora com os cuidados que colocou na sua participação não fosse “o passeio” tecê-las.
Pedro Leal colocava o seu Mitsubishi na terceira posição da geral e o mais rápido da Fórmula 3 era Diogo Castro Santos e seu Fiat Punto Kit Car.
Mas no dia seguinte é que era sério.
No troféu Fiat, António Bayona era o mais rápido e no Troféu Saxo Armindo Araújo dava o mote. Tiago Magalhães começava por liderar a Yaris Cup 2001.
Victor Calisto colocava o seu Yaris em 54º da geral e cumpria os objectivos de terminar a classificativa sem qualquer problema.
Na manhã de Sábado, inacreditavelmente sem chuva, as 62 equipas saíram de Monte Gordo para disputar as restantes 9 classificativas desta prova.
E, Miguel Campos, outra vez, demonstrando já um grande à vontade com o Peugeot 206 WRC, que lhe permitiu quase destruir um no Shake-Down de sexta-feira, começou a justificar novamente o porquê da sua escolha pela Peugeot Portugal, ganhando inequivocamente as três primeiras especiais, deixando no fim desta primeira passagem, o segundo classificado Pedro Matos Chaves a 24 s, o terceiro, Rui Madeira a 37 s e o seu companheiro de equipa Adruzilo, que já viveu melhores dias no seio da equipa, a quase 1m.
No final desta ronde Vítor Lopes e o Saxo Kit Car liderava a Fórmula 3 e Pedro Leal mantinha o comando da Produção.
Nos troféus Armindo Araújo era 15º e comandava o Troféu Saxo, Jorge Pinto era 19º e comandava o Troféu Punto e J. M. Ruivo era o líder da Yaris Cup 2001 no 29º lugar da geral.
Victor Calisto, que mais uma vez optou pela não ingerência nos andamentos suicidários do Troféu Yaris, que nos foram presenteando com um colorido de carroçarias destruídas, e de acidentes com alguma gravidade, colocava o seu carro em 52º da geral, bem à frente do Toyota Starlet e do Ford Ka participantes na classe 5 nacional.
A segunda passagem pelos três troços, desta vez foi ganha pelo primeiro piloto da Peugeot que encetou uma recuperação assaz interessante, e que lhe permitia manter viva a esperança de poder terminar esta prova no lugar mais alto do pódio e assim sair do Algarve com o título nacional no bolso.
Assim, no final desta ronde, Miguel Campos continuava a liderar, Pedro Matos Chaves era segundo a 27 s, e Aduzilo subia para o terceiro lugar por troca com Rui Madeira, novamente penalizado pelos pneus, encurtando assim a distância para o líder para 49 s.
Vítor Lopes mantinha o 5º lugar e o comando da Fórmula 3 e Pedro Leal era 6º e continuava a liderar a Produção, pensando, já nesta altura pela certa, “o que é que vai acontecer desta vez?”
Nos troféus tudo na mesma e Victor Calisto era 46º e continuava a manter à distância o Ford Ka da Auto Rabal, desta vez guiado pelo Miguel Monteiro, que não quis ir à lua-de-mel do Aires Pereira…Parabéns…
Tudo estava para decidir na última ronde, onde Adruzilo voltou a ser o mais rápido, e benificiando de um furo do Pedro Matos Chaves, ascendia à segunda posição a 27 s de Miguel Campos.
E, quando todos esperavam que ordens da equipa pudessem fazer Miguel Campos penalizar no controle final e dar a vitória no Campeonato a Adruzilo, nada disto aconteceu e as posições obtidas nas especiais mantiveram-se, vencendo Miguel Campos a sua segunda prova à geral a nível nacional…
…tudo leva a crer com esta decisão que entre a Peugeot e Adruzilo exista mais do que um simples desgaste…
Pedro Matos Chaves apesar do seu atraso mantinha o lugar mais baixo do pódio à frente de um Rui Madeira que nada mais podia fazer…
Vítor Lopes venceu a Fórmula 3 e obteve o 5º lugar da geral e Pedro Leal, finalmente, venceu a Produção liderando esta categoria da primeira à última especial.
Nos Troféus, Armindo Araújo venceu o Troféu Saxo, Jorge Pinto venceu o Troféu Punto e Tiago Magalhães venceu a Yaris Cup 2001, terminando 6 dos 14 participantes nesta prova.
A Calisto Corse Equipe e Victor Calisto, colocaram o seu Toyota Yaris no 43º lugar da geral deixando o Ford Ka de Miguel Monteiro a 14 s e vencendo mais uma vez este particular da classe 5 do Campeonato Nacional de Ralis.
Como nota final devemos salientar, que por erro da organização, prontamente assumido pelo Director de Prova José Manuel Afonso, Victor Calisto, foi incorrectamente creditado de mais 7m 3s na 2ª especial Serra de Tavira 1.
Este tempo, que colocou a equipa sempre no fim da tabela em todas as classificações que foram sendo emitidas, não correspondia à realidade, tendo sempre Victor Calisto e António Cirne, que não sofreram nenhuma contrariedade ao longo da prova, rodado como os mais rápidos da classe 5, com excepção dos veículos do Troféu Yaris…mas isso são outras guerras…
E assim, voltamos a encontrar-nos, esperemos que sem chuva, e sem minutos a mais, no Rali Rota do Dão
Até lá
Victor Calisto