Rali SATA Açores
Super User

Rali SATA Açores

Na realidade começar desta forma uma crónica sobre o Rali Sata Açores é no mínimo invulgar, mas de tudo o que de bom pode ficar na memória de quem vem à Ilha de S. Miguel, mesmo que como nós já seja habitual, é sem dúvida o verde que nos invade por todos os locais por onde andamos.

Depois instala-se um bem-estar e calma de quem é bem recebido por esta gente extraordinária de simplicidade e pureza, que nos faz inveja em comparação com a selva humana em que habitualmente estamos inseridos.

E é desta forma que nos sentimos quando participamos nesta prova do Campeonato Europeu de Ralis nesta maravilhosa e ainda natural ilha bem Portuguesa em pleno Atlântico a meio caminho entre o velho Continente e a América.

Em termos desportivos este ano a prova Açoriana teve bastos motivos de interesse, para os quais não se pouparam os elementos do Grupo Desportivo Comercial, conseguindo trazer a esta prova cabeças de cartaz a nível mundial, como o finlandês, ex-tetra campeão do mundo, Juha Kankkunen e o sueco Thomas Radstrom, que depois de ter estreado em terra a nível oficial um Citroen Xsara WRC no passado Rali Cidade Oliveira do Hospital, voltou a estar presente em terras portuguesas, desta feita, tanto ele como o finlandês a bordo de dois Subaru Imprenza da Prodrive.

Além do interesse suscitado por estes dois pilotos, conseguiu o GDC a presença dos principais pilotos nacionais, tanto aqueles que discutem o título, como também a maioria que disputa habitualmente o Campeonato Nacional de Ralis.

Com as verificações técnicas a terem lugar na quinta-feira dia 5 da parte da manhã, as hostilidades foram abertas por volta das 18 horas com uma Super Especial com 3 km, muito bonita, realizada dentro de uma pedreira, com a presença de muito público e a transmissão directa da RTP.

E logo o mote foi dado pelos principais candidatos aos lugares da frente, com o finlandês a destacar-se de todos os outros deixando o melhor português Adruzilo Lopes em 3º lugar a 1,8 s e um extraordinário Pedro Leal, com um Mitsubishi Lancer Evolution VI em 4º lugar a 2,2 s.

Mas o verdadeiro rali só começaria na manhã de 6ª feira que traria pela frente a realização de nove provas especiais de classificação, cada qual com o piso mais deteriorado que a anterior e começando precocemente a fazer a selecção das mecânicas que não foram resistindo à dureza dos pisos, principalmente nas segundas passagens, e que foram engrossando a lista de desistentes dos 61 participantes das 65 equipas inscritas.

Assim, Juha Kankkunen continuou a passear a sua classe pelas especiais Açorianas, mas com uma luta de igual para igual com Thomas Radstrom e Adruzilo Lopes que foram alternando no segundo lugar revelando andamentos surpreendentes, tal como Pedro Leal que continuava a ser o melhor homem do agrupamento de Produção até furar na 3ª classificativa e ser ultrapassado nessa classificação pelo Pedro Dias da Silva.

Quem estava irreconhecível era Rui Madeira que não conseguia acompanhar os andamentos mais fortes colocando-se no final das três primeiras especiais em 9º da geral, revelando pela certa problemas mecânicos com o seu Ford Focus WRC.

E, assim aconteceu, porque Rui Madeira já não saiu do parque de assistência.

O melhor piloto Açoriano era Horácio Franco pois Gustavo Louro já desistira no final da 2ª especial.

A partir da 3ª especial Thomas Radstrom tomou conta do Rali superiorizando-se a Kankkunen e remetendo o finlandês para o segundo lugar da classificação geral onde se manteve até ao final da 7ª classificativa, voltando novamente a ocupar o primeiro lugar por desistência do Sueco com problemas de direcção assistida.

Na luta pela Fórmula 2, Vítor Lopes desistia com o motor partido no final da 5ª especial deixando José Pedro Fontes e o Fiat Punto Kit Car no primeiro lugar da categoria.

Na luta pela classe 5 Aníbal Rolo e o seu Nissan Micra estavam no comando, Fernando Pais, também em Nissan Micra, ocupava o segundo lugar e Vítor Calisto, que ocupava o terceiro lugar na classe, tinha já uma vantagem de 4m 04s sobre João Ramos, nesta luta particular entre os Toyota Yaris.

No final da primeira etapa, Juha Kankkunen comandava, Adruzilo Lopes era segundo a 49,7 s, Fernando Peres, no seu velhinho Ford Escort WRC era 3º a 2m07s, Pedro Matos Chaves ocupava a quarta posição a 2m11s e Horácio Franco era simultaneamente 5º da geral, o 1º do agrupamento de produção e a melhor equipa Açoriana.

A 2ª Etapa que teve início pelas 09.30 horas de sábado dia 7 levou para a estrada apenas 39 dos 61 participantes sendo a maior razia sentida na armada Fiat Punto do Troféu que contava apenas com 6 dos 14 participantes de onde se destacava o comando de Paulo Antunes.

No Troféu Citroen Saxo os 9 resistentes eram liderados sem surpresa por Armindo Araújo, que contava já com uma diferença de 3m20’ para o 2º classificado.

Na ronda pelas 3 primeiras classificativas desta 2ª Etapa nada se modificou, continuando Juha Kankkunen a dilatar a diferença que o separava do concorrente do Peugeot 206 WRC, que nesta altura se cifrava em 53,7s salientando-se apenas o recorde da classificativa Lomba da Maia obtido por Fernando Peres e o seu Escort WRC.

Restavam cumprir 3 classificativas realizadas por 2 vezes na zona Nordeste da Ilha e tradicionalmente consideradas como as mais difíceis e decisivas do Rali.

Mas nada de especial aconteceu no topo da classificação e Juha Kankkunen manteve e ampliou a diferença para Adruzilo Lopes que no final do Rali se cifrava em 55,8s.

Pedro Matos Chaves num “forcing” final bateu Fernando Peres por 10s e subiu ao 3º lugar da classificação geral.

Horácio Franco venceu a categoria reservada aos veículos de Produção, foi o melhor Açoriano e obteve um excelente 5º lugar da classificação geral deixando Vítor Pascoal a cerca de 2m40s em carro idêntico.

Na Formula 2 José Pedro Fontes conseguiu vencer secundado pelo seu colega de equipa Diogo Castro Santos.

No Troféu Saxo Armindo Araújo viu esfumar-se a vantagem conseguida e ser ultrapassado por Hugo Lopes que venceu o Troféu tendo apenas terminado 6 concorrentes.

Os 3 resistentes do Troféu Fiat Punto foram liderados por Jorge Pinto que venceu esta categoria.

Na Classe 5 Aníbal Rolo liderou do 1º ao último troço sendo secundado por Fernando Pais também em Nissan Micra e Victor Calisto viu a roda da frente do lado esquerdo saltar já no final da penúltima classificativa e entregou o ultimo lugar do pódio desta classe ao piloto jornalista João Ramos também em Toyota Yaris que terminou a 18m e 15s do vencedor da classe.

Terminaram 31 equipas.

Victor Calisto

09 07 2001 a