Pode parecer estranho o título da minha crónica sobre o Rali Vinho da Madeira…
Mais poderia parecer o titulo de um novo episódio da saga “O senhor dos anéis” ou de outra história de ficção medieval com grandes lutas de capa e espada em torno de um Reino e de um Senhor que pode quer e manda.
É mais ou menos o que se passa neste feudo instituído em redor de um mítico rali que ainda permite que o Campeonato Nacional de Ralis o possa integrar na sua lista…
Sim, porque esta prova, que outrora procurava concorrentes nacionais para que pudesse ter um mínimo de 50 inscritos e assim pudesse ser inscrita no Campeonato da Europa coeficiente 5, está muito mais devotada hoje em dia a ser parte integrante do IRC (International Rallye Chalange) e do ERC (European Rallye Championship) e muito pouco de Campeonato Nacional de Ralis...
... ainda menos do que do Campeonato Regional que ganhou independência regulamentar obrigando os seus pilotos a uma pré-incrição antes das hostilidades começarem.
Fantástico como no site do IRC a prova PORTUGUESA está referenciada com a bandeira azul e amarela da região autónoma, que ainda só não se demarcou do verde e vermelho da bandeira mãe porque todos nós temos de trabalhar para pagar o preço da insularidade de uma ilha que a única coisa que produz é turismo e bananas pequeninas e com sarampo, que servem unicamente para reencher os cofres dos alguns dos senhores que continuam a extravasar prepotência.
Nós “os cubanos” ainda continuamos a aturar estas coisas… e sabem porquê?
Porque realmente o Rali Vinho Madeira é uma prova extraordinária, numa ilha extraordinária, com uma extraordinária organização e que infelizmente não tem culpa de ter nas suas fileiras alguns extraordinários prepotentes
Quando saiu a lista de inscritos, este vosso amigo verificou que lhe tinha sido atribuído o nº 53…
...também logo verificou que este número não teria sido muito do agrado dos pilotos insulares que resolveram telefonar-me manifestando o seu desagrado pelo número “tão baixo” que fora atribuído e manifestando a sua gentil preocupação pela segurança da prova, quando eventualmente o veículo que me precedia me apanhasse….
Que gentileza pura e desinteressada e que preocupação desmesuradamente gentil…
O que é facto é que alguma coisa mexeu entretanto, pois quando chegado à ilha e fui levantar o material já não era o nº 53 …já era o 71….!!!
Tinham-se passado três dias e pensei…
...em três dias o meu número desceu 18 posições …por este andar quando começar a prova não tenho número….portanto é melhor perguntar a razão desta súbita alteração…
Pensei até que a doença dos números saltitantes pudesse ter subitamente invadido a lista de inscritos…sei lá…nos tempos que correm um homem pensa tudo…
Tudo, menos aquilo que se passou a seguir com o telefonema do Presidente da Comissão Organizadora do Rali Vinho Madeira …
Sim quem fala?
O que é que você quer???
Como? Quem fala??…ah é o Sr. Doutor?...como está tudo bem?
O que é que você quer?...há algum problema com o número que lhe foi atribuído há??
Boa noite Sr. Doutor, então o tempo por cá tem estado muito quente não é? Que aborrecimento!!!
O que é que você quer que eu lhe faça houve um engano na atribuição do seu número e por questões de segurança tivemos que lhe atribuir este agora…
Mas…Dr. eu sou o 1º classificado da Taça Nacional de Ralis e por isso, à excepção dos pilotos prioritários, devia ser o primeiro das classes N3, A7 ou D a ir para a estrada…não acha???
Não quero saber disso para nada... é assim como eu digo e acabou-se…você…
Mas Dr. se não me deixa falar como é que eu posso…
Dr....Dr..... Dr. posso falar também ou o Sr. também é accionista das telecomunicações aqui da ilha e só fala quem o Sr. deixar… ...é que eu não sabia que o “apito dourado” também tinha atravessado o Atlântico…
E, foi aqui que se entornou o “caldo” e definitivamente deixei de ter oportunidade de expressar os meus sentimentos...
E a nossa conversa passou a ser ainda mais um monólogo com um interveniente de timbre de voz alto e irritado a quem não se deve…nem se pode contrariar…
Com a certeza porém que uma numeração mais baixa teria uma maior divulgação pelos os órgãos de comunicação do que uma mais alta, e consequentemente um maior retorno para os nossos patrocinadores…
E lá ficámos mais uma vez, com a sensação de que somos mais um fardo do que uma presença que deve ser respeitada, não só porque nunca deixamos de respeitar ninguém, mas também porque somos a dupla mais velha em actividade no Campeonato Nacional de Ralis, e isso por si só devia ser suficiente para obter alguma consideração pelos agentes do automobilismo nacional, porque pela certa com a nossa presença assídua já demos alguma coisa de nos próprios a este desporto que um dia invadiu as nossa vidas.
Bem mas estes choradinhos não são para aqui chamados, e lá fomos cantando e rindo treinar a nossa 24ª participação aqui nesta ilha e nesta maravilhosa prova.
E o tempo quente e húmido nada ajudou e os dias tornaram-se cansativos e desgastantes em redor das fabulosas especiais deste rali.
E, mais uma vez o transporte das viaturas correu mal, recusando-se o nosso Xsara a pegar no cais, motivado possívelmente pela insistência a que foi sujeito quando foi carregado, transportado ou descarregado...
...vá-se lá saber...mas também não interessa porque a responsabilidade ninguèm a assume e só perde quem tem...
Desta vez o motor sobreviveu e não houve necessidade de horas extraórdinárias como no ano passado
E chegado o dia da super-especial na Avenida do Mar, motivo de transmissão directa na RTP Madeira e na RTPN, todos os concorrentes tiveram destaque de importância.
... e até o Victor Calisto foi falado e refalado, porque apesar de liderar a Taça Nacional de Ralis, tinha apenas um ponto de vantagem sobre o Pedro Leal...e estava escrito nas nuvens que era certo certinho que esta liderança acabava aqui..!!!!
Mas as nuvens estavam enganadas porque a liderança manteve-se e até se ampliou a vantagem que passou para 8 pontos...
As nuvens não eram pela certa sinais de classificação mas sim da presença do nosso amigo Batista e seu fiel escudeiro S. Pedro, que desaparecido em parte incerta resolveu dar á costa na Madeira brindando a 1º etapa e os primeiros troços com uma chuva por vezes intensa que obrigou os mais atrevidos a calçar os “sapatinhos de ballet” e a mostrar as suas virtudes
Até o meu amigo Zé das fotos não teve “sola” no sapato para se aguentar em pé na zona do Santo da Serra...
A pé já é difícil faço ideia de carro....puxa isto está!!!....e estava...estava mesmo...
E lá fomos andando, não isentos de problemas que um eixo traseiro nos queria dar, e com uma direcção assistida que passou a não querer assistir a nada e que nos pregou um valente susto quando morreu de vez na descida da encumeada de quinta velocidade e sem atrevimento suficiente para voar....
Depois faltavam 150 Km de rali e uma especial de 21 Km que fizemos á força de braço para conseguir trazer uma vez mais a nossa viatura até ao final de mais uma prova...
O 3º lugar naclasse e a manutenção do 1º lugar da Taça Nacional de Ralis deixa-nos orgulhosos da nossa participação...
Pena que seja a última viagem á terra dos Senhores do Mundo