VODAFONE Rali de Portugal
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VODAFONE Rali de Portugal

“Comparar o incomparável” foi o título de um artigo publicado no semanário Autosport desta semana em que se tentava equacionar os pontos comuns entre um vulgar carro de grupo N – o nosso Citroen Xsara 2.0 16v , com o Citroen Xsara WRC do Manfred Stohl inscrito pela Kronos OMV.

>> Ver artigo da revista Autosport

Ena pá!!! que grande dificuldade que eles tiveram em achar um “itemzito” que fosse, para poder dizer, que pelo menos à nascença, foram os dois baptizados com o nome Xsara.

E não foram só essas as dificuldades que encontramos ao tentarmos participar no regresso de uma prova do Campeonato Nacional ao Campeonato do Mundo de Ralis...

...foi efectivamente uma “twight light zone” com uma viagem pelo inimaginável de uma quarta dimensão do desporto automóvel, à qual já não estávamos habituados, desde que a nossa maior prova foi retirada do calendário das mais prestigiadas a pertencer ao Campeonato do Mundo (e nessa altura era diferente).

Mas desta vez, e após muitos esforços políticos e financeiros, lá conseguimos trazer até nós os actores de um teatro “avant garde” muito para além dos nossos espectáculos caseiros, que agora e em comparação, roçam a mediania e até a vulgaridade e a incompetência.

Após a instalação de um sistema de localização GPS obrigatório em todas as provas WRC, com sistema de alarme incorporado e com manual de instruções para a sua utilização, e ainda a perfuração do bloco e cabeça do motor para selagem, não tivéssemos nós a veleidade de os querer mudar, (mal sabem eles que já tivemos dificuldade para ter um motor, quanto mais um suplente para mudar!!!), lá fomos nós cantando e rindo para a verificação técnica perfeitamente fora de horas (quase uma da manhã – estava marcada entre as 23,00 e as 23,15).

Na bicha (quero dizer fila), de espera fomos confrontados com a presença habitual do representante técnico da FPAK que abriu a porta do carro colocou a sua mão entre o roll-bar e o tejadilho e disse em ar prasenteiro: “ai voçês também têm falhas de soldadura na parte superior do roll-bar....hum!!! tão feitos...e se não tiverem meios para resolver o assunto até amanhã, digo daqui a bocado, é melhor irem já embora...escusam de estar na seca aqui na bicha!!!...é que os gajos da FIA andam aí com uns espelhinhos a verificar isso tudo...tão a ver?”

Ora eu pensei de “mim para co mim” “O Sr. Engenheiro deve estar a brincar comigo...então este carro que foi feito em 2004 e já participou em 3 campeonatos nacionais de ralis com provas a contar para o Campeonato da Europa coeficiente 20, algumas provas no estrangeiro, e nunca nenhum problema foi levantado às soldaduras do roll-bar, nomeadamente por ele, que tem estado presente em todas as provas, como elemento técnico delegado da Federação.... ...e agora uns esticadinhos “Men in Blue” da FIA, armados de uns espelhos à dentista montados numas antenas telescópicas de rádio automóvel do antigamente, vem dizer que afinal está tudo mal???

No mínimo estão é armados em parvos....

Mas, afinal quem estava armado em parvo era eu, que já devia ter idade para ter juízo, e em vez de estar a aturar estes gajos às duas da manhã na garagem do Estádio do Algarve, deveria era gozar este período de férias num lado mais apetecível...mais que não fosse na cama a dormir!!!

Pois é, e segundo o regulamento que afirma que as soldaduras do roll-bar devem ser perfeitas e contínuas à volta de todo o perímetro do tubo, estes “FIA Aliens” até tinham razão....a soldadura do tubo do roll-bar nos locais junto ao tejadilho, e onde era impossível colocar uma cabeça de soldadura a argon, não estavam completas, e deste modo sem condições de segurança para participação na prova!!! (Dizem eles...)

Era o balde de água fria...eram duas da manhã...já passava...e o veredicto era: Apresentação do carro até ás 12 horas do dia seguinte com o problema resolvido ou o regresso a Lisboa !!!

Foi então que se abriu um largo período e discussão entre os elementos da equipa, os comissários técnicos, que perante este drama queriam ajudar, e acho também que participou na tentativa de solução um segurança, um vendedor ambulante e um empregado municipal da recolha do lixo se não estou enganado...

- O que é melhor é furar o tejadilho para ter acesso à parte superior do roll-bar e depois tapa-se com autocolante...

- Não o melhor é cortar-se o tejadilho toda a volta, dobra-se para trás, solda-se e depois volta a meter-se no sítio!!!

- Temos fome onde é que se vai comer a esta hora???

- O melhor é ir buscar um soldador...tu que és de cá conheçes alguém???.....Bem há uns gajos em Olhão que são super espectaculares...podem lá ir ter com eles logo de manhã, mas não digam que vão da minha parte....

- De manhã?...tás doido...isto têm que começar a ser resolvido agora...amanhã é tarde...e se corre alguma coisa mal???

- Isto tem de ser cortado a “plasma” porque para cortares o tejadilho tens o reforço por baixo...e depois???

- Tenho fome!!!

- Então e se a gente pussesse pastilha elástica pintada onde falta soldadura?

-Tenho tanta fome!!!

E lá se ficou seguramente meia-hora a discutir o “sexo dos anjos”...

...Eu bazei e fui arranjar comida!!!

No regresso já estava a tenda armada em plenos acessos do Estádio do Algarve... ...gerador, máquina de soldar a electrodo e o carrinho todo desmanchado....

...tira o extintor ...não vá o diabo tecê-las!!!

Às 8 horas demos a “invenção tapa olhos” por concluída e fomos só lavar os nossos olhos e comer mais qualquer coisita para estarmos às 9 horas na verificação... ...não fosse a obra prima ainda precisar de assinatura...

E, assim, após nova verificação, regressamos à base para soldar mais coisas que ainda não estavam bem...

...Ao meio-dia em nova verficação ainda faltava mais um pin...(vulgo pelo púbico), e finalmente às 14 horas (por especial favor) a viatura foi dada como conforme para a participação no evento....

...não sem ainda termos prometido que mudaríamos, antes da primeira especial, as letras com o nome do piloto e do navegador dos vidros laterais da viatura, porque para o WRC só pode constar nos vidros laterais de ambos os lados o nome do piloto, passando a figurar o do piloto e do navegador, agora em mais pequeno, em ambos os lados, mas na frente da carroçaria...chinesisses!!!

Lá fomos fazer a mudança, descansar um pouco, e preparar-nos para ser-mos mais um “outsider” nesta festa do automobilismo Mundial.

Não esquecendo o facto de termos também verificado a roupa ignifugo interior (camisola-ceroulas e meias), os fatos,os capacetes, as balaclavas, as luvas e as botas que tinham de estar de acordo com a norma 2000 da FIA, facto que foi verificado posteriormente no decorrer da prova, dizia-nos à partida o Sr. Engenheiro da FPAK “Pronto, desta já se safaram...agora quando voltarem à oficina refaçam essas soldaduras para ficarem mais apresentáveis, porque a partir dagora vou estar atento....”

Com esta lata eu já tinha montado um ferro-velho... ...mas descanse Sr. Engenheiro porque decerto não terá motivos para chumbar na verificação, daqui para a frente, uma viatura que foi verificada e dada como apta para participar em eventos WRC pelos comissários técnicos da FIA...ou será que eles nos fizeram um favorzinho?

E lá fizemos a Super-Especial de bonito recorte e grande investimento, e quando no dia seguinte fomos recebidos, à saida para a etapa, por chuva intensa, não pudemos deixar de enviar um pensamento para a velha ligação Baptista -S.Pedro que muitas arrelias nos tem causado.

...mas felizmente tudo não passou de um boato e o tempo Algarvio fez juz aos seus pergaminhos e saudou a enorme muralha humana que se deslocou ao sul do país para assistir a este espectáculo de excelência.

Sem reparos para a organização, tenho de manifestar a minha mais dura contestação ao sistema super-rali, que continua a permitir fraudes desportivas, como as que fomos assistindo ao longo desta prova...

...como podem equipas que não cumpriram todo o percurso estar classificados na classificação final do rali...não é isto sobejamente injusto para com as equipa que fizeram a totalidade do rali, desgastando-de físicamente e detriorando a sua viatura???

Como se pode fazer de um evento desportivo de resistência, um evento de gestão e marketing em que a importãncia de estar na classificação final do evento pode levar a que qualquer equipe só realize na estrada as classificativas da última etapa, desistindo e fazendo o super-rali nas etapas anteriores....

Desta forma, e das equipas portuguesas que iniciaram a prova só cinco concluiram o percurso na sua totalidade, nas quais nos incluímos e pelo qual demonstramos o nosso orgulho... ...e vejam quantas aparecem na classificação final!!!!

Desportivamente as três pontuações obtidas nos três dias de prova levam-nos a liderar a classe e a ocupar o 1º posto da Taça Nacional de Ralis, sendo sem dúvida uma óptima operação pontual para os nossos objectivos.

Uma palavra ainda para as rápidas melhoras dos fotógrafos acidentados no Shakedown onde se inclui o nosso amigo Armindo da FotoGTI...

Ainda um agradecimento para a nossa equipa de assistência da INSIDE motor, que nas horas difíceis que passámos, foram inexcedíveis e incansáveis, para depois poderem descansar durante a prova onde o nosso Xsara não demonstrou o mais leve problema.

E em geito de “toma lá para pensar”...se o carro do Rui Madeira foi desclassificado por irregularidades no Turbo, e este foi o mesmo carro utilizado pelo recente 3º classificado do Rali Torrié...será que as irregularidades cresceram entretanto...ou se calhar já lá estavam e os comissários técnicos estavam destraídos...

Será legítimo questionar a legalidade dos carros do Nacional de Ralis, e criar climas de suspeição pela “distração” de quem deve ser responsável pelo normal cumprimento de toda a regulamentação técnica e desportiva?