Carta Aberta
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Carta Aberta

Requiem para uma equipa teimosa, ou os lobbys do automobilismo...

A propósito da lista de inscritos do Rali Rota do Vidro – Centro de Portugal

 

Pode parecer a quem ler estas linhas, a começar pelo título, que se está a fazer uma tempestade num copo de água ou, até que, a montanha pariu um rato...

Mas, o rato até pode ser uma ratazana e a montanha uma daquelas pequeninas e então o parto até é daqueles mais difíceis...

...daqueles com fórceps, em que depois o recém nascido tem de ficar nos cuidados intensivos uns dias até...tudo cair no esquecimento.

Pois, a “ratazana” é que eu ando há tanto tempo nestas lides, tanto tempo que ás vezes até já lhe perco a conta, e durante esse tempo todo, sempre pautei as minhas participações baseando-as num enorme respeito por todos os que faziam do desporto automóvel a sua paixão...

...fossem eles jornalistas ou jornaleiros, pilotos de primeira água ou pézudos, organizações ou excursões, dirigentes ou dirigidos...

Sempre os respeitei, e me dei a respeitar, lidando sempre com os grandes “lobbys” de influências que as marcas e os nomes que vendem jornais têm sobre aqueles que organizam ou não, e sobre aqueles que divulgam ou não, tudo o que vai acontecendo, ao sabor da palmada nas costas e do “faz lá, que depois a gente cá estamos”.

Com alguns silêncios pelo meio, e com o alargamento da orofaringe para ir engolindo alguns sapos vivos (alguns já com ADSL), desta vez, achei que o silêncio era evitar, para aqueles que vierem atrás, porque para mim já não, que os olhos pudessem estar mais abertos e mais acautelados...

...e afinal é tão fácil ser-se justo, é tão fácil ser-se honesto...

...é tão fácil seguir as regras que até nos apetece dizer, que é muito mais fácil do que viver á custa de favores e interesses em troca de injustiças e...

...alguns “chupa-chupas”.

Tanta conversa para declarar publicamente, mais uma vez, a minha indignação quando vi o número que me fora atribuído na lista de inscritos do Rali Rota do Vidro – Centro de Portugal, superiormente organizado pelo intocável Clube Automóvel da Marinha Grande, top de grandes feitos organizativos.

Em pouco mais de 60 (63) inscritos à Calisto Corse Equipe e à sua equipa Victor Calisto/António Cirne foi atribuído o número 58.

Entre 11 grupo N inscritos, Victor Calisto só parte à frente de três equipas que nem sequer estão classificadas no Campeonato e uma delas faz a sua estreia absoluta em competições automóveis em Portugal.

Depois dos Grupos N classe 4, os 5 primeiros do Grupo N a partir, temos com o número 15 com um Clio RS 2.0 da classe N3 o João Fernando Ramos, com o número 17 e com um Peugeot 206 RC o Rui Trindade, e incrívelmente 41 números após e com o número 58 aparece o próximo Grupo N da lista, Victor Calisto parente pobre disto tudo e que mais valia nem aparecer se realmente anda a chatear muito...

Mais incrível é, se olharmos para a classificação do Campeonato de Grupo N antes do rali Rota do Vidro e com 6 provas disputadas o Victor Calisto está em 5º lugar, à frente do Rui Trindade que é o 6º, do Gustavo Louro que é o 7º e do João Ramos que é o 8º.

E se olharmos para a classificação de outra competição oficial da FPAK a Taça Nacional de Ralis, prova onde pontuam todos os veículos do Grupo N e do Grupo A, de 1601 cc a 2000 cc, a revolta ainda se torna maior, pois o Victor Calisto lidera esta classificação com 25 pontos de vantagem sobre o 2º classificado e onde Rui Trindade aparece apenas em 7º e o João nem sequer está classificado.

Será que estas classificações me foram atribuídas por algum sorteio ou coleccionando tampinhas da Farinha Amparo?

...ou será que foram por mérito absoluto, conseguido na estrada, de uma equipa modesta, sem grandes meios, mas muita honesta e capaz de se manter em competição desde há 28 anos, lutando contra tudo e contra todos.

Mais gritante se torna o facto de ao ser confrontado com esta situação, ter feito um e-mail para o CAMG tentando perceber porque é que me tinha sido atribuído este número...

...e até hoje, depois de me ter sido comunicado verbalmente que a minha reclamação, que mais não era que um pedido de explicações, não fora aceite, nada recebi por escrito, apesar das minhas várias insistências (todos os dias).

O director de prova Sr. Eduardo Portugal Ribeiro, por quem nutro uma amizade de longa data, não teve tempo, ele que também já andou por dentro, de escrever duas linhas ao Victor Calisto e dizer simplesmente:

”...É pá deixa-te de histórias que agora já não dá para mudar... a malta enganou-se mas agora tens de te aguentar...como sempre fizeste...”

Nem estas linhas Sr. Eduardo? Parece-me que mereço mais respeito da sua parte, da organização da prova de que é director e do automobilismo em geral.

Mas, por outro lado lembro-me que o João vai guiar um carro da Renault que é patrocinadora da prova e que o Rui vai guiar um carro que fez a sua aparição no Rali do ano passado e que é apoiado pela Sucursal Peugeot e que etc etc etc e digo de “mim para comim”...perante isto o que é que o Victor Calisto e a Calisto Corse Equipe podem fazer?

Se eles ainda precisassem de umas consultasinhas ainda se podia dar um jeitinho...mas agora mais que isso é complicado...

Não há lugar para “boas vontades” em lado nenhum do mundo especialmente no meio dos lobbys.

E, quero que se saiba, que nada tenho contra os pilotos mencionados, a quem respeito e admiro, e com quais tenho as melhores relações...

E, um dia quando as galinhas tiverem dentes, haverá igualdade de oportunidades para todos...

...mas isso é só quando as galinhas tiverem dentes, e as organizações tiverem coragem, e houver uma Federação que zele pelos seus associados, e que haja uma Associação de pilotos que não seja só fachada, e que os interesses de alguns não se sobreponham aos da maioria e

...e...e...e...

Com esperança (pouca)

Victor Calisto