Decidam-se de uma vez por todas, porque tenho a rapaziada toda lá na oficina com as suspensões e as rodas sem saberem muito bem o que é que vão montar...
Decide-se que o Nacional é dividido em duas fases, uma de asfalto e outra de terra...
Decide-se que a primeira fase é de terra e a segunda é de asfalto...
Decide-se que o Rali Casino da Póvoa para ser o primeiro terá de mudar a sua estrutura para terra ou então deixar de ser a prova de abertura do Campeonato...
E... então decidido está e assim terá que ser feito... e foi...
Mas por pouco tempo...
...porque as autarquias não puderam mobilizar a tempo os meios suficientes para transformar os pisos em “auto-estradas” que o “Inverno rigoroso” tornou impraticáveis...
...porque é cada vez mais difícil justificar às populações, porque é que um grupo de rapazes vestidos de maneira engraçada, com uns carros muito barulhentos e folclóricos, vêm uma vez por ano desgraçar “os caminhos”...
...porque...porque...
Porque um grande senhor do desporto automóvel, que tem feito muito mais por ele, do que muitos podem e deveriam fazer, não quer perder aquilo que é seu por direito adquirido... A prova de abertura do Nacional de Ralis.
Parabéns Fernando Batista, Targa Clube e todos aqueles que mais uma vez conseguiram mudar tudo e todos e voltar a afirmar que a tradição, afinal, sempre é aquilo que era...
Parabéns pelas relações entre portugueses e espanhóis que puderam trazer a esta prova quase tantos pilotos nacionais como do país vizinho...mas porque a prova é realizada em asfalto...
Parabéns, essencialmente pela excelente organização, tanto desportiva como social, a fazer inveja a muitas do Campeonato da Europa, mas que não foi surpresa, pois não seria de esperar outra coisa do Targa Clube.
Parabéns ao S. Pedro que nos deu um autêntico dia Primaveril, que fez, ainda mais, brilharem as magníficas paisagens do Minho e realçar troços como Vilar de Mouros autêntico ex-líbris das especiais de classificação dos ralis nacionais.
Com 65 inscritos na prova de abertura do Campeonato, qualquer organização sentiria um enorme orgulho pela adesão de tantos pilotos à sua prova, numa fase, que como é sabido toda a gente ainda procura “meios e inteiros” para poder levar os seus projectos por diante...
Claro que não se esperaria que faltassem os principais interessados no Campeonato, com a Peugeot, a Ford, a Citroen e a Fiat, mas tanta gente...fantástico...
O nº 1 foi dado, pela ausência do Campeão Nacional, ao vencedor do Campeonato de Produção 2001 – Pedro Dias da Silva, que curiosamente não vai poder defender o seu título por não ter, pela certa encontrado apoios para o fazer, estando inscrito com um Citroen Saxo com que irá disputar o troféu.
Só no nosso país era possível ser confrontado com a situação de tanto o Campeão Nacional Absoluto, como o Campeão do Agrupamento de Produção, estarem afastados da possibilidade de defenderem os seus títulos...mas isso são outras histórias...
A Peugeot apresentava-se com um único carro entregue a Miguel Campos e a Ford apresentava o seu Focus WRC entregue a Rui Madeira e em princípio os únicos dois capazes, em condições normais de discutir a vitória no rali.
À espreita estavam a Citroen com o seu novo pupilo Armindo Araújo, desejoso de “mostrar serviço”, e a Fiat com o recém transferido e ex-Citroen Vítor Lopes também ansioso para mostrar que pode defender o título de 2001 agora a bordo de um Fiat, apesar de ter também de lutar com um ano de experiência do seu companheiro de equipa José Pedro Fontes.
No agrupamento de Produção Horácio Franco não conseguia ainda estrear o Mitsubishi Evo VII e tinha em Bruno Magalhães e Armando Parente, (que farto de ganhar dinheiro a alugar o seu carro quis também experimentá-lo) sérios concorrentes na disputa do agrupamento.
De entre a armada dos “nuestros hermanos” temos de referir German Castrillon que vem sempre a Portugal mostrar alguma qualidade e rapidez, sempre com carros muito bem preparados, desta vez com um Mitsubishi Lancer do agrupamento de Turismo.
O único troféu que iniciou a sua participação nesta prova foi o Fiat Punto que reuniu 10 pilotos.
Na classe 5 a Calisto Corse Equipe inscreveu o seu habitual Yaris 1.3, sem qualquer alteração em relação a 2001, exceptuando-se a decoração e a falta de alguns patrocinadores que ou morreram ou emigraram, mas certo é que ainda não deram à costa...
Nesta classe estavam inscritos sete viaturas de onde se destacavam o vencedor da última prova do Troféu Yaris 2001 Pedro Peres, O Ford Ka da Auto Rabal que virou Ford Ka Kit Car, com uma caixa tipo “closeratio” e um bonito kit de carroçaria que o Aires Faria “babadamente” e com razão fazia orgulho em mostrar, e a estreia do Suzuki Ignis do Importador nacional pela mão de Rui Almeida...também nesta classe estavam inscritos três Fiat Cinquecento de equipas espanholas.
Com uma Super Especial de 1,9 km realizada nos arruamentos da linda Póvoa de Varzim, com início às 21 horas de sexta-feira foi dado o pontapé de saída em mais um Nacional de Ralis.
Felizmente que esta especial estava rodeada de público, o que constituiu, pela certa, um boa divulgação desta modalidade...e a não ser por este motivo ainda terão que me apresentar uma “cabecinha pensadora” que me explique a validade destas “super especiais”.
Desportivamente, Miguel Campos começou a passear a sua superioridade perante toda a concorrência... e a não acontecer nada de invulgar o título está entregue...já estava antes do Campeonato começar...
No dia seguinte, já bem na zona de Ponte de Lima, Miguel Campos deixou Rui Madeira a quase 7 s nos 10 km do segundo troço...é obra...
Na 2ª especial Rui Madeira não conseguiu evitar mais um despiste que o colocou fora de prova...por isso é que o Fernando Prata anda com aquele ar??? Assustado???
Com Rui Madeira fora de prova era lícito pensar que o vencedor estava encontrado, se algumas dúvidas ainda existissem...
Para o segundo lugar, a luta estava acesa entre o Citroen Saxo Kit Car e o Fiat Punto Kit Car, com vantagem para o homem da Fiat até à 7ª especial, sendo ultrapassado pelo homem da Citroen na 8ª classificativa que assim tomou o comando da Fórmula 3 e o 2º lugar da geral, o que não deixava de ser notável para um estreante.
Esta brilhante actuação durou pouco, pois uma saída de estrada na 10ª especial deixou o caminho livre para a vitória de José Pedro Fontes e do seu Fiat Punto na Fórmula 3 e para a obtenção de um formidável 2º lugar da geral.
Na Produção Bruno Magalhães não “falou com ninguém” e comandou do início ao fim o agrupamento, vencendo pela primeira vez, mas sem margem para dúvidas, o seu agrupamento e ficando em quarto da geral.
No Troféu Punto o primeiro vencedor deste ano foi Paulo Antunes.
Na classe 5, Pedro Peres, depois de dominar por larga vantagem, entregou a vitória ao estreante Suzuki Ignis, guiado por Rui Almeida e Aires Faria levou a sua “bomba” da Ford ao segundo lugar, beneficiando largamento dos seus melhoramentos para deixar Victor Calisto e o seu Toyota em terceiro da classe, que mais nada pode fazer que assistir à esmagadora superioridade dos seus adversários.
Terminaram 38 dos 65 participantes num rali que se revelou interessante e muito bem disputado, embora com algumas zonas que privilegiam os carros de grande potência e com algumas zonas perigosas que poderiam ser evitadas.
No próximo rali, o Rali do F. C. Porto, o regresso à terra e a confirmação de algumas equipas ou o mostrar de novas performances em pisos tão difíceis, como os rápidos pisos de terra da zona de Fafe.
Victor Calisto